segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

O que podemos ensinar aos nosso filhos?

Ai, tema difícil...

Minha filha está caminhando para chegar aos 5 anos de idade. Conversa muito conosco, é muito carinhosa, mas, ultimamente tem estado mais geniosa do que de costume...
Mais chorona, com atitudes de birra que antes não ocorriam...A professora chegou a comentar comigo alguns meses atrás que Manuela estava assim na escola, também, e associou à gravidez do irmãozinho.
Bom, desde então, temos conversado muito sobre o irmão, sobre planos para a Manuela em 2014, seu ano com a mamãe mais em casa, afinal, vem a licença pela frente.
Mas, não tem sido simples. Ela exige algo, nós lhe respondemos com um não, e ela chora, exige novamente e tudo o mais. Então, insistimos em nosso posicionamento e ela ainda chora mais, até que se rende.
Porém, apesar de termos estado firmes, ela tem repetido as cenas, em casa ou em publico...Mas, seguimos conversando e sendo firmes. À medida que o tempo avança, creio que ela vá entendendo mais e mais que não estamos junto das outras pessoas para exigir algo...E sim para compartilhar, trocar, de uma forma gentil...
Hoje cedo, assistia a um programa que eu gravo na TV e ouvi uma frase mais ou menos assim: o melhor que podemos ensinar aos nossos filhos é a se virarem sem nós...
Isso resumiu muita coisa que considero importante. Que minha filha aprenda com suas próprias escolhas, que exerça autonomia como sua liberdade, sua vida, e não seja uma menina que não sabe minimamente cuidar de si e de sua vida sem que recorra a mim. O meu apoio existirá sempre porque todos podemos precisar de apoio. Mas, nada substitui a realização pessoal de dar conta de sua vida e suas escolhas. E compartilhar isso comigo, trocar, conversar, me alegrar com suas conquistas!
Então, se anteontem, no restaurante, Manuela chorou e gritou "eu quero"...Eu não dei o que ela queria, ela se irritou, chorou e ficou brigada...Ontem, saímos juntas, e ela disse: mamãe, eu só vou olhar os balões, se não puder comprar, não é para comprar...
E assim caminhamos e vamos aprendendo. Eu a ser firme, porém, gentil, e ela aprendendo a conversar, entender que não terá tudo o que impulsivamente quiser, e que há outras coisas para querer que não são compradas ou exigidas...
E assim, esperamos todos que Miguel possa ter na irmã um bom exemplo decompanheirismo e compreensão, mas, afinal, todos aprendemos diariamente a sermos mais compreensivos e gentis.
Pelas simples coisas que fazemos na vida, como ajudar a arrumar uma casa, a dobrar uma roupa, a lavar uma louça, a cozinhar, a jogar lixo na lixeira, coisas que nem sempre são fáceis para filhos que mesmo já casados, nunca fizeram isso e permanecem sem fazer, sem compreender a necessidade de fazer e aceitar...Fica a sombra da mãe que mimou, super protegeu e não ensinou muita coisa aos filhos...Ah! Ensinou-os a exigir, querer e pouco ou quase nada fazer...
Motivação para nunca mimar meus filhos e permitir a eles serem pessoas que compartilham, escutam, ajudam e são prestativas dentro de casa e fora dela...
Beijos
Gilda


segunda-feira, 25 de novembro de 2013

E a bolsa? estoura ou não estoura?

Oi!
Estou gravida e contabilizando 23 semanas e alguns dias. Diante da data significativa, pois começo a migrar do segundo trimestre para o terceiro trimestre, alguns assuntos são importantes de ler e conversar. É o caso da bolsa. Vocês sabem onde fica a bolsa? :) ela envolve todo o bebê e ainda fica um pouco dela para além do útero, protegendo-o do contato externo. É uma bela proteção da natureza!
Algumas grávidas tem a ruptura da bolsa antes do terceiro trimestre. Outras tem sua ruptura no terceiro trimestre, mas o fato é que na ordem natural do trabalho de parto, não é a bolsa que deve ser o primeiro momento...
Antes do terceiro trimestre há discussões entre países, inclusive. Pois há países que demarcam o período em que um trabalho de parto seria abortivo. No Brasil, segundo meu médico, não há essa demarcação legal, mas há a avaliação médica de cada caso para analisar a viabilidade de um nascimento. Então, sendo a bolsa rota - bolsa que estourou primeiro, um indicativo de que o trabalho de parto vai começar, pode entrar em discussão a questão difícil do aborto..
Mas, em uma gravidez regular, como a maioria é, a ruptura da bolsa em primeiro lugar (como acontece em todos os filmes...Rs), e não há início de contração nas primeiras horas seguintes, não é trabalho de parto. Normalmente a grávida começará o trabalho de parto boas horas depois. Em muitos casos, 24 ou 48 horas depois. Eu li, inclusive, que um estudo na Inglaterra não encontrou diferenças comparáveis entre aguardar 12, 24 ou até 72 horas pelo trabalho de parto.
A ruptura da bolsa normalmente vai liberando liquido amniótico, e expõe a mãe e o nenê a um maior risco de infecção. Mas, como o trabalho de parto inicia num espaço de tempo razoável, 24 ou 48 horas, não é de fato, no terceiro trimestre uma situação emergencial, desesperadora. A medicina hoje avalia bem, aguarda com segurança e um bom médico conduz sua paciente por esse momento sem deixá-la em pânico.
Para se ter um exemplo, o mesmo estudo que tratou da bolsa rota, a que me referi acima, mencionou a taxa de infecção em neonatais...2 a 3% nos bebês nascidos de parto normal e 10% nos nascidos de parto cesárea.
Ainda tem a questão do streptcoccus B...Eu quase não conheço quem tenha feito esse exame na gravidez. Mas, ele é feito sempre que o médico planeja um parto normal, porque se o teste der positivo, a grávida recebe um antibiótico para evitar a contaminação do bebê no momento do parto. Muitos médicos prometem o parto normal mas nem pedem o exame...
E fazem mil toques na mulher...Destacam que "nada do trabalho de parto ainda...". O toque deve ser evitado ao máximo...
E a bolsa rompeu...E aí? Rs. Aí, seu médico avaliará você a aguardará o início do trabalho de parto. Ela vai começar em 90% das mulheres. Bom, ou começaria, pois 100% das mulheres que conheço que tiveram bolsa rota os médicos conduziram para uma cesárea emergencial...
A cada dia, eu penso que primeiro precisamos mais é de uma humanização no parto cesárea...
Falta respeito às orientações internacionais, à grávida, ao momento da mulher e sua família e aos riscos a que submetem a mulher desnecessariamente.
Bom, rompeu sua bolsa...Passadas as primeiras horas, o médico comprometido avaliará e aguardará e poderá indicar a indução ao parto normal. Sim, normalmente é a primeira opção, já que estamos falando aqui de grávidas que esperam pelo parto naturalmente. Se a grávida quer cesárea, é só agendar, não é mesmo?
O parto normal é induzido ou aguarda-se para que ele se inicie naturalmente. A cesárea necessária é maravilhosa, porém a desnecessária não merece aplausos. O maior índice de bebês em UTI ou mesmo maior índice de mortalidade advém das cesáreas. Um problema chave nas cesáreas é que os médicos impõem o nascimento do bebê conforme sua agenda e reclamações egoístas das grávidas, e os bebês nascem com características de prematuridade. Tanto que já consideram fora do Brasil bebê pré-termo o nascido com 38 semanas (http://www.minhavida.com.br/familia/materias/16998-melhor-epoca-para-o-parto-comeca-na-39-semana-de-gravidez)
Mas, os cesaristas do Brasil parecem ignorar isso. Assim, a maternidade ganha umas diárias de UTI, o médico ganha umas avaliações e consultas a mais e eles ficam felizes...
Chocante? Chocante é ouvir de uma colega de trabalho que o sobrinho nasceu num hospital conhecido e renomado de Curitiba, o pediatra neonatal mandou para a UTI, em quadro sério, mas, depois de poucos dias, a família exigiu a retirada do nenê para o hospital em que tinham melhores indicações. Recebeu ameaças do hospital de que estariam pondo em risco o bebê. Encaminharam o bebê para outro hospital, e...pasmem...o bebê não precisava de UTI, estava plenamente saudável e foi liberado para casa no mesmo dia...Ah! O bebê estava e está muito bem e a família passa longe do primeiro hospital!
E já que os riscos do parto normal assustam tanto e são noticiados...Os riscos para a mulher na cesárea são maiores...Em relação à UTI, morte da mulher e complicações pós operatórias. Risco de infecção? 4x maior. Risco de mortalidade? 3x maior...A mulher perde o dobro do sangue de um parto normal...Sem contar os riscos para o prosseguimento de gravidez, após algumas cesáreas...Mas, esses riscos não assustam...Vai entender...
Comparado à cesárea, o parto normal apresenta maior risco de incontinência urinária - 60% e laceração (pequenos cortes no parto). Para a incontinência, há fisioterapia na maioria dos casos, ou uma pequena cirurgia para os casos excepcionais, e para a laceração, um pontinho do médico e está resolvido ( em partos humanizados, praticamente não há registros de lacerações). Riscos...Vai entender...
Eu gostaria muito que os médicos começassem a conversar e educar suas pacientes para os benefícios do parto normal, pensar junto com a paciente na melhor forma de conduzir, sem provocar-lhe sofrimento. Há analgesia para tirar a dor e deixar o parto completamente viável para mulheres mais sensíveis à dor (sim, isso existe e deve ser muito respeitado!). Relaxamento, um ambiente harmônico e não um médico apavorando a paciente. É um momento único, de entrega, de amor e o médico deve respeitar e criar condições para esperar junto. Tudo isso pode ser pensado, concretizado e mudar o momento do parto para um momento melhor do que uma cirurgia e melhor do que uma mulher gritando de dor e sendo ordenada pelos outros para fazer força para o bebê nascer...
Não é mesmo? A humanização é para todo parto, e ela também implica em abrir espaço para a grávida pensar no parto natural como uma opção muito viável para si e seu filho. Como deve ser com a cesárea necessária.
É um belo caminho...
Beijos
Gilda